Obelisco, um marco em nossa história

 

Ano de 1937... erguia-se através das mãos do escultor Vicente Larocca bem ao centro do Largo da Matriz uma esguia coluna de oito e meio metros de altura, toda de granito picolado, tendo nas faces anteriores e posteriores, de um lado a esfera armilar do Estado Brasil, marco da época da colonização, e de outro, no simbolismo severo do bronze, o brasão de armas, duas placas de bronze com inscrições, elaboradas pelo ilustre membro do Instituto Histórico e diretor do Museu do Ipiranga, Dr. Affonso de E. Taunay, nascendo assim diante de toda a população o Obelisco.
Este pomposo monumento foi o marco das comemorações do 3º Centenário de Ubatuba, quando o Instituto Histórico e Geogaphico de São Paulo elaborou, juntamente com autoridades locais, uma vasta programação comemorativa.
No dia 30 de outubro, a inauguração do monumento que eternizaria a festividade de grande valor histórico estava programada para as 11h. Toda a população, autoridades locais e regionais, assim como mocidade acadêmica de Direito de São Paulo, aguardavam a presença do ilustre governador do estado, Dr. J. J. Cardoso de Mello Neto. Ele deveria chegar de avião em pouco tempo, se não fosse a viagem interrompida pelo mau tempo. Pela manhã, o céu encontrava-se limpo; porém, por volta de 10h, começou a cair uma impiedosa chuva impossibilitando a vinda do mesmo, que através de seu secretário, Dr. Aristides Bastos Machado, enviou um telegrama oficializando suas desculpas. Assim a comemoração foi realizada às 14h, com descerramento pelas mãos improvisadas do Dr. Félix Guizard Filho, membro do Instituto e cidadão colaborador para a realização da comemoração. O Dr. Félix propos-se até mesmo a fundar o Obelisco, caso o Instituto e o governo do Estado não o tivessem feito. Seguido de 21 tiros e abençoado pelo sacerdote ubatubano da cura da catedral de Santos, o padre J. Passos. Um imenso texto foi lido por um dos representantes da embaixada universitária, o acadêmico Antônio Sílvio da Cunha Bueno, que, em dado momento, registra: “Este rincão de nossa terra, meus senhores, merece de vós grande atenção: por ele, naturalmente, deve escoar-se toda a produção e sair toda a riqueza, não só de São Paulo, mas da parte do Rio de Janeiro, de todo o sul de Minas Gerais, e, talvez mais ainda - do abrupto sertão que ora começa a despertar”.
Na ocasião, o ilustre prefeito Washington de Oliveira (Seo Filhinho), em agradecimento aos paulistas e ao Instituto pelo que fizeram por sua terra, realizou um extenso discurso, no qual chegou a pronunciar estas palavras: “Este belíssimo monumento que se inaugura agora e que se ergue na praça principal desta cidade, há de lembrar perenemente, não só o passado histórico do município, mas, também, um varão ilustre a todos os respeitos, de uma vida inteira de abnegação e sacrifícios em bem do próximo, o incansável arroteador do solo brasileiro, e, sobretudo, do solo paulista - José de Anchieta.”
Fazer parte de uma cidade também é fazer parte de sua história. Assim cada lugar torna-se especial e, em alguns casos, podendo até mesmo nos causar orgulho. Por isso é importante estarmos integrados às suas peculiaridades e turisticamente divulgá-las aos nossos visitantes, recordando os tempos áureos... sua magia... e, principalmente, suas exclusividades.
* Parte deste texto foi copilado e pesquisado no livro “Chronica do Semestre - Terceiro Centenário de Ubatuba”.