Fórum de Ubatuba, história perdida no tempo...

 

Talvez, se morássemos em um município com estrutura turística, encontraríamos um guia local em frente aos nossos prédios antigos relembrando histórias de um passado glamouroso. Então, todos conseguiriam reconstituir em suas memórias um passado pouco distante do nosso dia-a-dia e que fizeram parte da construção de nossa realidade... boa ou ruim...
Imaginem a cena em frente ao Largo do Programa, posteriormente foi denominado Largo do Teatro e hoje praça Nóbrega... Em 20 de maio de 1886, foi inaugurado um chafariz que, na ocasião, jorrava Vinho do Porto para todos os presentes. No largo, eram centrados todos os eventos de repercussão popular: folia de reis, danças, carnaval, movimentos políticos, enfim... pois ali também ficava o Teatro Ubatubense com capacidade para 1.200 pessoas. 
Anúncios no jornal local da época atraíam o público, como, por exemplo, este editado no Echo Ubatubense - Anno I - Ubatuba, 6 de junho de 1897 - Nº 35, com os temas teatrais: “Os Pupilos do Escravo - drama em 3 atctos”; “O Boiadeiro - canção cômica por um amador”; “Por um oculo - comédia em 1 acto, jocosa e cheia de peripécias”; “O levantar da primeira Cruz em Ubatuba por Anchieta, fé, esperança e caridade - quadro-vivo representado por gentis meninas”. 
Uma das peças chega a ser folclórica. Ubatuba já tinha passado por duas decadências, então se falava da construção de uma ferrovia que ligaria Ubatuba ao Vale do Paraíba. Em nome do progresso, resolveram alguns homens importantes da época como Thomas Galhardo, Dr. Esteves da Silva, Cel. Gonçalves Pereira e o ator amador Gabriel Costa uniram-se para fazer uma peça que se chamava “Ubatuba nasce de novo!”. Chamaram toda a elite da cidade e convidados e, em um dos atos “um cesto em formato de uma concha gigante trazia em seu interior uma criança com uma faixa escrita Ubatuba, representando a cidade. Quando abriram a concha, em pleno palco, Ubatuba (a criança) estava dormindo”. Posteriormente, o mesmo prédio veio a sediar simultaneamente o cinema, que tinha intervalos para trocarem o filme (supõem-se que o aparelho usado era o “super oito”). 
O tempo foi passando e, em 1957, o prédio foi demolido e construído o Fórum de Ubatuba, que funciona até os dias de hoje. 
Os antigos contam que o Fórum sofreu de uma grande sabotagem, uma verdadeira queima de arquivo, literalmente. O prédio sofreu um incêndio que queimou todos os documentos, pois antes funcionava o cartório de notas e imóveis e registro civil. Assim, os grileiros não tinham como provar suas posses nas terras, que logo foram apossados por outros, “possíveis interessados” (isto é o que dizem as más línguas).
Hoje o Fórum tem duas Varas e junto ao poder judiciário funciona também o Ministério Público. Os outros encargos foram desmembrados e estão localização em pontos distribuídos pela cidade. 
Existe um projeto de remoção do Fórum, pois o prédio já não comporta mais todo o movimento do judiciário.