Cachoeira do Figo, um templo em plena Mata Atlântica

Água que mata a sede, que alimenta o corpo, que sacia a fome e que purifica a alma! O planeta, que é regido por um quarto de água, é misterioso e encantador, curiosamente chamado de terra. Terra em que tudo surge e que tudo dá. É de suas entranhas que brota a água, a qual chamamos de mina d’água, que inicia nas colinas e vem tomando força a cada metro percorrido, formando quedas, corredeiras e rios até chegar ao seu destino... as águas salgadas do grande oceano azul. Por todo trajeto, vem cumprindo sua missão: a de dar vida à mãe mata, regida pelas fases da lua que ordena aos animais terrestres a hora do procriar, seguindo assim o ciclo da vida... Plantas alimentam-se dela e assim mantém-se todas as espécies, como a bela e intrigante bromélia.
Podemos considerar toda Ubatuba como um verdadeiro “planeta das águas”. Águas que caem do céu em forma de suave chuva, que toca os oceanos e fertiliza a terra, que dão forma a formosas cachoeiras. Todos os sertões de norte a sul do município, geograficamente são presenteados por inúmeras cachoeiras, cada uma com sua particularidade e beleza rara. Assim temos cachoeiras milagrosas, pequenos e gigantes espelhos d’água, corredeiras, quedas enormes com vista para o mar, poços que mais parecem ser verdadeiras hidromassagens. Alguns até parecem verdadeiros templos, como é o caso da cachoeira do Figo, no sertão do Ubatumirim, que recebe este nome por ser um pequeno espaço geométrico, onde os pequenos poços de pouca profundidade mantém uma cor escura em função da decomposição orgânica das folhagens, lembrando a fruta “figo”. 
A cachoeira do Figo é parte da extensão da cachoeira do Ingá, que nasce no alto das colinas do sertão; logo vem a do Figo, seguindo pela do Cristóvão, Laje e o Poço do Cedro. 
Para chegar até ela, requer respeito com a natureza e autorização de propriedade particular (sem maiores problemas). Ao entrar no sertão do Ubatumirim, percorreremos três quilômetros de estrada asfaltada até a conhecida escola, vizinha do Alambique do famoso Di Lima. Ao seguirmos em frente por uma estrada de barro batido por cerca de 1,400 Km, estaremos próximos da cachoeira do Figo, ao lado direito. O ideal é pedir auxílio da gente hospitaleira do local. A simpática família de Dª Catarina, sua filha Domingas ou a vizinha Rosa, de belos olhos de jabuticabas, têm imenso prazer em prestar serviço de guia do local. Com esta única oportunidade, você ainda terá o prazer de saber da particularidade cultural do povo que habita o sertão, assim como os costumes dos mais antigos (alguns nunca viram o mar de perto) sem contar as outras cachoeiras que compõem o cinematográfico sertão.