Gastão Galhardo Madeira 

 

Nasceu em Ubatuba, em 20 de junho de 1869, filho de Joaquim José Lázaro Madeira e Maria Angélica de Galhardo Madeira, sendo batizado com o nome de Gastão Galhardo Madeira.
Já em 1890, Gastão Madeira, então terceiranista da faculdade de Direito de São Paulo, na importante conferência no Rio de Janeiro obtinha patente de invenção para o seu aeróstato-dirigível.
A concepção de Gastão inclinava-se para o problema do mais pesado, embora com a forma de aeróstato e com emprego de gás para aliviar o peso, pois os motores da época, elétricos, eram pesadíssimos; o motor de explosão, leve e poderoso, só surgiria algum tempo depois.
O teor da conferência, realizada no Clube dos Engenheiros, era a dirigibilidade dos aeróstatos. Na ocasião, o inventor expôs detalhadamente os meios mecânicos de pôr essa idéia em prática, dizendo que o aeróstato seria de forma alongada (invenção anterior, original de Júlio César, Aerovisão nº 40), faria o deslocamento do centro de gravidade por meio de pesos móveis e teria como propulsor uma hélice.
Em virtude de lei de 30 de dezembro de 1913, iniciativa do Senador Almeida Nogueira, que acompanhava todos os estudos e esforços de Gastão, foi concedida ao inventor passagem para a Europa e assistência anual de 18 contos, em dois exercícios, para experiências definitivas de um novo tipo de aeroplano.
Aconselhado por amigos a ter todo o cuidado na escolha do escritório técnico que se incumbiria do trabalho, o inventor obtinha, em 1914, o privilégio francês, ficando seus direitos resguardados. Mais tarde, foi obtido o registro da patente na Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos.
Executadas as providências premilinares, Gastão iniciou a procura do construtor que iria concretizar seus sonhos. As fábricas consultadas recusaram-se, pois teriam que modificar suas linhas de produção e a França já estava envolvida pela guerra. Com os recursos quase esgotados, Gastão resolveu oferecer, sem perda dos seus direitos, o invento ao governo francês para ser utilizado durante a guerra. O inventor alimentava a esperança de que o governo determinasse a construção imediata à custa do Estado. O governo aceitou o oferecimento e pediu as plantas e descrições, imediatamente enviadas por Gastão, que ainda se dispunha a fazer todas as demonstrações teóricas.
No entanto, as perturbações da guerra acentuaram-se e a censura o impediu de saber o destino dos documentos ou de qualquer deliberação que houvesse sido tomada. Depois de muito procurar, Gastão vem a saber que toda a documentação tinha desaparecido, o que, felizmente, não afetava os seus direitos.
Finalmente, seu invento é julgado favoravelmente, mas o governo exige a apresentação do aparelho definitivamente construído para experiências.
O Governo Francês não determinava a construção de qualquer invento por conta do Estado, senão depois de experiências concluentes do aparelho construído às custas do próprio inventor. Só após isso é que o mesmo recebia a indenização proporcional ao valor do invento e ao número de aparelhos construídos.
Gastão dirigiu-se a várias casas construtoras, mas em todas elas, apesar dos elogios ao seu trabalho, a mobilização geral e a falta de operários impossibilitava a construção.
Por esse tempo, já se havia esgotado a assistência anual do primeiro exercício e, devido à depressão do câmbio, a segunda remessa foi bem inferior à primeira, ficando pela metade do orçamento feito pela única casa construtora que se dispôs a executar o modelo, a Rotmanoff & Cia.
Não foi possível a execução dos estudos de Gastão, segundo seu desejo e expectativa geral, devido a circunstâncias estranhas e enormes e aos reduzidos recursos de que dispunha. No entanto, sua vontade era de que o seus trabalhos dessem algum fruto, não se esterilizando, a meio caminho, os esforços acumulados.
Exatamente no momento em que recebia a primeira prova oficial da validade do seu invento, Gastão era obrigado a desistir. O inventor faleceu a 4 de abril de 1942; menos de dois anos antes, ainda registrava o “Novo tipo de hélices para aeroplanos, hidroplanos, dirigíveis e semelhantes”, o que demonstra o esforço e tenacidade com que lutou, até o último momento, pelas suas idéias.Extraído de: 
Jornal Ubatuba em Revista
Ed. 23, ano I, 23/04/95
Foto/Texto: Edson da Silva