Advogando em terras tamoia, 
apaixonou-se pela cidade

 

Em meados de 1960, o conhecido dr. Eugênio de Camargo Leite, casado com Ana Maria Maia, pai de seis belos filhos (de seu primeiro casamento) que lhe presentearam com seis netos, recebeu seu primeiro convite para advogar na terra tamoia. Coisas do destino... 
Na infância, sua passagem pela bela Ubatuba é registrada no livro de Idalina Graça que fala da pequena criança brincando com sua mãe.
                                  Porém, seus avós eram proprietários de uma casa em Santos proporcionando assim suas férias no litoral sul paulista. Mas com seus dez anos de idade já tinha autonomia para decidir suas preferências e resolveu desfrutar de suas férias desde então na fascinante Ubatuba, onde hospedava-se na casa de amigos.
Nasceu em 1935, no município de Taubaté, onde estudou durante toda sua formação colegial no colégio Monteiro Lobato, fundado por seu pai. Passou dificuldades em sua juventude, porém sua persistência não permitiu que desanimasse e na capital deu seguimento aos estudos, concluindo a faculdade de Direito e o curso de criminologia na escola da polícia; iniciou o doutorado mas não concluiu. 
Durante 13 anos trabalhou no departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo que lhe proporcionou bons relacionamentos com personalidades do mundo intelectual de todo o país. Já advogando, recebeu o convite de Francisco Matarazzo Sobrinho para vir defender uma causa de terra em Ubatuba. Este foi seu primeiro contato profissional com a cidade. 
Em tempos passados, Ubatuba foi uma cidade rica, a maior de arrecadação fiscal de todo o país. Com a decadência, os donos da terra abandonaram-na. Posteriormente, com a evolução, novas pessoas ocuparam as terras e assim iniciou-se o conflito dos atuais posseiros. 
Os advogados da época evitavam estes processos. Bom para o Dr. Eugênio, pois foi assim que ganhou sua vida. Na época, morava em São Paulo, assim como seus clientes e juristas, facilitando as propostas de trabalho e resolução das questões judiciais. Quando veio para cá, havia apenas dois advogados. Com um deles aprendeu a advogar em questões de terras: o Dr. Alberto Santos, que até hoje ele diz não ter encontrado nenhum outro com tanta capacidade de síntese em redação. O outro era o Cel. Ernesto de Oliveira, advogado correligionário, pois não era formado mas tinha permissão da Ordem para exercer a função; tinha uma cultura jurídica e um senso de justiça inusitados. 
Dr. Eugênio expressa sua tranqüilidade de não ter deixado nesses anos todos nenhum inimigo sincero; por isso, acredita não tê-los o que para ele é muito importante.
Através de suas influências, trouxe para Ubatuba muitos investidores. Um deles foi o grupo do Banco Nacional que, na década de 70, desenvolveu o loteamento da praia de Itamambuca que ainda é considerado um dos melhores do litoral do Brasil em projeto urbanístico, em previsão de meio ambiente e de vida, porque até hoje não necessita de rede de esgoto. Isto porque foi projetado nos moldes dos mais modernos dos EUA com previsão de densidade demográfica e de ocupação e absorção do próprio esgoto feito na própria unidade habitacional, dadas as restrições de ocupação deste loteamento. 
Devido o movimento de seu trabalho e sempre teve, no mínimo, duas residências, em meados de 82 deixou seu domicilio em São Paulo e morou durante seis anos em Campos do Jordão, onde foi procurador da prefeitura. Tudo que aprendeu lá aplicou posteriormente em Ubatuba, mudando-se definitivamente para cá e desempenhando a mesma função na gestão anterior do atual prefeito Paulo Ramos, transferindo assim todos seus negócios e domicílio para cá, lugar do qual não pretende mais sair, pois esta é a terra que ele escolheu para chamar de sua assim considerando-se ubatubano por opção. 
Dr. Eugênio também é lembrando pela população como “Dr. Geninho, o colecionador de automóveis antigos”, hobby que pratica há 12 anos. Estará realizando também pelo sexto ano consecutivo o encontro nacional de automóveis antigos, que traz para cidade grande número de turistas apreciadores do evento que acontece fora de férias e feriados. Quando participa com seus automóveis em eventos por todo o país Ubatuba também faz sucesso, pois todos eles são emplacados com o nome da cidade. 
Ele diz sentir saudades da Ubatuba romântica em que viveu, onde as ruas eram iluminadas por lâmpadas tomatinhos e a luz elétrica era fornecida pela Cia. de Taubaté Industrial, dos saraus, das ruas de areias grossas, dos passeios turísticos de canoas, que saíam da praia da Enseada e iam para o Saco da Ribeira, onde caminhavam até a praia da Sununga passar o dia. Enfim, coisas que seus olhos viram e que os nossos nunca terão a oportunidade.