A praia do Engenho preserva sua história

A praia do Engenho, ao lado da praia da Almada, recebe muitos turistas durante a temporada de verão. Foto: Jija/ASHá muito mais de cem anos, a praia que hoje é conhecida como praia do Engenho, possuía um engenho de pinga, muito comum naquela época. O engenho foi construído e mantido pelas mãos de escravos negros, que eram comandados pelos donos de fazenda. Mas o tempo foi passando e os vestígios foram apagando-se ficando apenas na memória de antigos que faziam questão de contar a seus filhos a procedência de sua história, pois era a única forma documental que possuíam para conservação de suas raízes, o boca-a-boca. E quem nos lembra deste “acunticido”, como diria o velho caiçara, é o Sr. Benedito Conceição, de 58 anos, o conhecido “Seu” Dito, nascido e criado na praia. Vizinha da praia da Almada, a praia do Engenho tornou-se um refúgio familiar, que jovens e adultos procuram para relaxar, esquecendo-se da rotina do dia-a-dia. Freqüentada por turistas de toda parte do mundo e principalmente por moradores do próprio município, que, ao apreciarem a bela praia também resgatam o passado, saboreando o tradicional Azul Marinho, prato comum servido à mesa de todo antigo caiçara, que hoje é servido nos rústicos e agradáveis restaurantes, encontrados na praia ao lado. Os hábitos tradicionais caiçaras são vistos a olhos nus: é fácil perceber o pescador que observa o mar e o tempo, dando o diagnóstico meteorológico apenas com um olhar.
Quem quiser vivenciar uma dessas experiências caiçaras, pescando ou apenas passeando em uma traineira com um grande conhecedor do mar, podendo conhecer mais a respeito das histórias do local, visitando a fazenda marinha de mexilhões, criados artificialmente, é só perguntar pelo César a qualquer morador e embarcar nessa! A tranqüilidade e beleza do local remetem o visitante a um clima totalmente caiçara. Foto: Jija/AS
Ao chegar na praia, uma surpresa: a embarcação Petunia H3J de 40 pés encontra-se parte soterrada nas areias da praia do Engenho. Dizem ser mais uma vítima de naufrágio em noite de tempestades, mistérios do oceano azul que só nossa imaginação poderá revelar.
Circundada pela enseada do Ubatumirim, descortina uma das mais fascinantes vistas do município. Defronte, está a ilha dos Porcos Pequena e aos fundos, do lado direito, avista-se a ilha do Prumirim. E em frente, o grande Oceano Atlântico, que nesta época do ano costuma receber visitas de ilustres golfinhos, pingüins, baleias e, às vezes, leões-marinhos. Na escolinha instalada à beira-mar, encontramos a “Sociedade de Moradores Mirins”, criada por Jaime Navarro, onde crianças participam de oficinas aprendendo a transformar o lixo e sucata em arte, vendendo seus trabalhos aos visitantes, ajudando nas despesas de casa. Os associados mirins discutem e tomam decisões, participam também da conscientização na importância da conservação da praia limpa junto aos turistas e prestam um serviço informal de informação do local.
Para quem quer explorar ainda mais o local e gosta de andar, pode desvendar a trilha que inicia-se ao lado esquerdo da praia, que leva até a praia Brava do Norte, onde a vista do mar mistura-se com os encantos da Mata Atlântica. Para chegar até a praia do Engenho é muito fácil. A 44 quilômetros do centro da cidade, sentido Parati, você entra à sua direita, sentido praia da Almada, e percorre um caminho inesquecível, que serpenteia toda a Enseada do Ubatumirim, que revela uma paisagem paradisíaca. Chegando à praia da Almada, você encontrará estacionamentos. Com apenas cinco minutos de caminhada, você estará na praia do Engenho. E bom passeio!

 

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