Praia Dura sossego e
sofisticação
Sutil, Praia Dura insinua-se para quem passa na ponte do Rio
Escuro convidando os passageiros a desvendarem seus encantos. Parte de um
requintado condomínio da Região Sul, a extensa praia de areias concentradas,
sugere seu nome. Sua forma abobadada compõe a enseada de Fortaleza, formando um
conjunto arquitetônico natural que só a criação divina pode executar. Ao
entardecer, a silenciosa praia nos permite presenciar um lindo ocaso, no qual os
anjos parecem brincar com tintas mágicas e onde os tons rosa e azul fundem-se,
dando vazão a formas indefinidas, nos embriagando de um refinado bom gosto.
Quando tufões raivecem no centro do oceano, a piscina de Praia Dura logo traz
notícias, formando ondas que são bem recebidas por surfistas da região.
Pescadores também gostam de “matar o tempo”, praticando a pesca de linha à
beira-mar. Os aventureiros desvendam a trilha que leva até a praia da Barra, ao
lado esquerdo. Outros contratam os serviços particulares de barcos e buscam
aventura no mangue que envaidece nosso ecossistema.
Hoje, as residências de veraneio e de moradores fixos são protegidas por
diversos seguranças mas, no passado, não era assim...
Para proteger a região do Rio Escuro até Lagoinha era eleito um “Inspetor de
Quarteirão”, que era escolhido pela comunidade, e a ele era legada a
autoridade máxima de um setor pré determinado. Não obtinha graduação
oficial, porém cabia a ele investigar, prender e oficializar por escrito a discórdia
ocorrida. Foi com este título, há mais de 40 anos, que o avô da querida Fátima
Aparecida, o Sr. Salvador Carlos, sem remuneração, ganhou respeito e participação
na história da cidade. Graças à sua vivência e às recordações de Fátima,
podemos reavivar algumas histórias:
A praia Dura era famosa pelo seu carnaval, criado pelo carnavalesco João Diogo,
reconhecido como condutor do “Cordão do Carnaval Praiadurense”. Ninguém
escapava do banho de polvilho de mandioca e pó de café usado seco. Os homens
mascarados vestiam-se de mulheres e elas, por sua vez, enfei-tadíssimas, dançavam
ao som da viola e rabeca.
As festas religiosas comemorativas, como a do padroeiro São Pedro, aconteciam
sempre na casa do festeiro escolhido pois, nesta época, não havia capela.
Lembram também, que os homens tinham o hábito de levantar às 4h da manhã,
tomavam café com mandioca amarelinha cozida, e logo rumavam ao mar. Mais tarde,
as mulheres com os samburás amarrados à cintura, esperavam seus esposos para
encher os tais cestos de peixe. Praia Dura também abrigou uma fábrica de
tamancos confeccionados em caxeta, madeira macia, também exportada para fabricação
de lápis. Dizem também, que até bruxas havia por lá. Transformavam-se em
fitas, transportando-se para dentro dos ranchos de canoas, onde aconteciam tais
reuniões. Em toda a praia elas eram respeitadas e temidas. É... A sigilosa
Praia Dura reserva em sua beleza serena, segredos de um passado agitado e
interessante!
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