Barra Seca, encanto e nostalgia
No tempo em que o pão era a
novidade na mesa caiçara, os moradores da Barra Seca fabricavam em suas residências de pau-a-pique a farinha de mandioca. Plantavam o cará,
a banana verde e a cana-de-açúcar e, com estes alimentos básicos, mantinham-se. Muitas vezes, faziam de balsa a travessia do rio Indaiá,
que liga ao bairro do Perequê-Açu para trocar os mantimentos, colhidos na terra, por especiarias encontradas somente no centro.
O tempo passa e o lugar toma outras formas... Na pequena colina ao lado direito, havia gado espalhado por todo “Morro do Alegre”, que bem
ao centro hospeda a Pedra do Corvo. O mar parece engolir a terra: a praia que tinha uns 150 metros não existe mais e, com ela, sumiram os
cajueiros e as casas. Mas o lugar conserva seus moradores. Através deles é que podemos reconstituir a história de um passado ainda presente
em suas memórias. Alguns pescadores contam suas aventuras, como o dia em que um grupo de amigos reuniu-se para pescar. Saíram do Perequê-Açu
e atravessaram o rio Indaiá, sentido Barra Seca ainda com a maré vazia. Quando retornaram com o cesto cheio de peixe, a maré já estava bem
alta e um deles pisou na areia movediça que se encontra em algum ponto escondido no rio. Foi um tal de peixe pular do cesto e um “salve-se
quem puder”! Por fim, acabaram salvos, enlameados e sem nenhum peixe para contar a história.
Lembram também do tempo em que, à beira-mar, pescavam robalos de até 20 quilos; o tempo em que o cação vinha desovar no mangue...
O lugar que relata um cenário de pura nostalgia com um rancho de pescadores e águas
mansas, nos surpreende! No passado, possuía uma criação de enguias que eram exportadas.
Há também o campeão nascido e criado em Barra Seca. Nélson Domingos Batista, com seus 49 anos, reúne cerca de 60 troféus disputados nas
corridas de canoas, biatlo, triatlo, ciclismo e tantas outras modalidades.
O lugar também já foi grande atração noturna onde havia um badalado bar na praia “na parte que o mar engoliu” freqüentado por
moradores e turistas da cidade.
A nossa história faz parte de um passado onde os resquícios encontram-se na pouca memória dos moradores de cada local. Na era da globalização,
as pessoas correm contra o tempo... E acabam ficando “sem tempo” para observar o que acontece ao seu redor e que há pouco instantes ficou
para trás, sem tempo para ouvir as pessoas que vivenciaram cada instante que nos trouxe até o ano 2000.
Uma pena que na era da informatização deixemos passar a mais preciosa das informações: a de nossas raízes!




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