Gruta das Andorinhas, 
um templo sagrado em Ubatuba

 


Imagine um templo sagrado perdido no tempo e no espaço embrenhado por entre a Mata Atlântica... como em um roteiro destes filmes para TV. Em cada forma, um mistério... de difícil adivinhação. Os imensos paredões formados por arquitetos divinos parecem ter uma estrutura obviamente matemática. O lugar onde os raios solares da manhã dão um ar de glória espiritual é por hora intrigante aos nossos olhos! 
Conhecida como Gruta das Andorinhas, e não poderia ser diferente já que é abrigo deste pássaro que encontra-se em grande número, ela foi desvendada pelos antigos que seguiam o caminho dos mistérios dos mares, o que nós entendemos como lenda. 
Dizem os mais antigos que em tempos passados, quando a maré baixava, formava-se bem no meio do oceano um caminho de rochas que ligava a ponta do forte natural da praia da Fortaleza até o Saco da Cruz, assim chamado porque este fenômeno era considerado um verdadeiro milagre. Alguns também chamavam com o nome, que dura até hoje, de Saco das Andorinhas porque a travessia das pessoas da praia da Fortaleza até o braço de terra que forma a Ponta Grossa (onde está a Gruta das Andorinhas) era seguida pela revoada destes pássaros, que mostravam o caminho e refugiavam-se na tal gruta... Quem duvidará das palavras dos sábios e antigos caiçaras, que afirmam que os tempos mudaram, que muitas coisas que viam, hoje não temos mais o privilégio de ver como lobisomens, boitatás, etc...
Pelo mar, é praticamente impossível de conhecer e perceber a entrada da gruta, a menos que sejamos presenteados por uma revoada de andorinhas. A gruta é protegida pela força das marés, sua rachadura é discreta aos olhos de quem navega, porém é formada por uma altura de uns 30 m aproximadamente com uma passagem de uns 5 m apenas. Para conhecê-la, temos que ter espírito de desbravamento, pois o acesso é quase imperceptível aos olhos de quem passa. O caminho inicia-se na praia do Tenório, sentido Farol da Ponta Grossa. Após aproximadamente uns 3,8 km de percurso, estaremos passando do lado esquerdo de uma residência de muro constituído por tela vazada, portão marrom, nº2.393. Em frente a esta casa há uma cerca de moirão de concreto; ao lado esquerdo deste, eis uma picada qual iniciasse o percurso, que após 50m de caminhada abre-se a trilha que em 3m você estará defronte com abertura da chamada Gruta das Andorinhas. Na verdade, é uma abertura formada por gigantes paredões, ela não é coberta, apenas na sua entrada pelo mar. Nós podemos observá-la do alto como se se abrisse aos nossos pés... À frente, bem ao alto, na entrada da gruta do lado de dentro, podemos observar uma forma piramidal formada pelas rochas, representando a energia perfeita do número três: equilíbrio, mente e espírito. Logo abaixo, está a abertura em forma quadrangular, representando os quatro pontos cardeais, que regem a Terra, também mostrando o equilíbrio da natureza composta pelos quatro elementos: ar, fogo, água e terra (pois através desta composição é que formou-se a abertura. Já diz o ditado: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!”). Do lado esquerdo, está um paredão que parece a construção de uma fortaleza, formada por pedras recortadas nos dando a ilusão de terem sido colocadas uma a uma por mãos humanas, que na verdade representa nossa força espiritual e racional. Já do lado direito, o paredão é liso e em alguns momentos nos faz lembrar nossas igrejas, com formas abobadadas e com altares prontos para ser colocada alguma imagem significativa. Na verdade, o lugar é tão perfeito que dispensa qualquer figura representativa. E, por fim, esta parte do templo significa nossa espiritualidade. 
A gruta não tem teto, pois significa o elo direto entre o ser, o templo e os céus. Ela é toda protegida e camuflada pela mata, pois este lugar não é para qualquer ser, somente as pessoas especiais que estão preparadas para entendê-lo é que irão achá-lo. Ao seguirmos a trilha em frente mais uns seis metros estaremos com uma vista panorâmica de frente para a Ilha Anchieta; ao lado direito, para o Baguari de Fora, Praia Grande e Toninhas. Se caminharmos pela costeira, encontraremos a entrada da Gruta e do lado esquerdo um espetáculo à parte da costa da Ponta Grossa embocando no imenso planeta água, compondo o continente de nossa fascinante Ubatuba!